quarta-feira, 15 de abril de 2015

Quartos de século, filhas e bolos

O meu primeiro quarto de século foi de crescimento, formação e aventuras. Não tantas como eu gostaria de ter tido...

Há 25 anos nasceu a minha primogénita.
A filha que me transformou em mãe e mudou o sentido da minha vida com todo o encanto, a responsabilidade e a dedicação essencial.
Com a maternidade vem a descoberta de um amor incondicional criador de laços impossíveis de desatar. A importância  de um caminho feito de tantos passos em que a prioridade foi projectar as filhas para a vida, para a liberdade com coragem e confiança, determinação e personalidade. 
O primeiro dela corresponde ao meu segundo quarto de século.

Curiosamente foi antes de ela nascer, durante a gravidez, que eu me dediquei á confecção de bolos que vendia a alguns restaurantes em Lisboa e na linha de Cascais.
Foi por acaso que comecei mas o que principiou por ser um desafio, uma provocação graciosa, tornou-se numa actividade intensa.
Não vendia a muitos restaurantes mas alguns tornaram-se clientes regulares e exigentes. Não tinha mãos a medir e às vezes precisava mesmo de pedir ajuda, mas todos os dias de manhã lá ía eu no meu carro fazer entregas, eu e a minha barriguita que ía crescendo a olhos vistos, qual bolinho no forno.
Ali para os lados do Jardim Constantino havia um restaurante do qual não me lembro o nome, que após experimentar vários bolos passou a encomendar-me sobretudo bolos Floresta Negra. Eu fazia a receita da tia A que a trouxe de Inglaterra onde viveu alguns anos. Além de ser excelente, cá era bastante original e talvez por isso este restaurante o tornou a sobremesa fatiada mais servida, e tinha imensa saída!

O Dom Pepe, na Parede só queria doces conventuais, era um ror de Trouxas de Ovos, Morgados, Fidalgos, Doce de Ovos e até Fatias de Tomar (há quem lhes chame da China o que desagrada sobre maneira os Tomarenses). Lá recorri eu uma vez mais à tia A que me emprestou uma panela especial feita em Tomar, engenhoso utensílio no qual se introduz a forma oval e abaulada, com as gemas batidos para serem cozidas em banho-maria. A referida panela tinha uma espécie de chaminé afunilada pela qual se acrescentava água a ferver de modo a manter durante toda a cozedura, cerca de uma hora, a forma totalmente mergulhada.

Era uma lufa-lufa que durou até à véspera do dia em que a minha filha nasceu. 
Depois não tive mais disponibilidade até porque passados dezanove meses tive outra menina e optei por um trabalho na minha área da formação e de horário mais compatível com a família. Os bolos e outros cozinhados foram sendo feitos apenas para os de casa ou para festas e reuniões familiares ou de amigos.



Agora, orgulhosa das minhas filhas já criadas e independentes, início um novo quarto de século com toda a disponibilidade e motivação para me dedicar à culinária, sobretudo pastelaria e doçaria.



2 comentários:

  1. Desejo-te toda a sorte do mundo e que sejas muito feliz, beijinho de coração com saudade!!!

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    1. Obrigada Graça. És uma amiga querida e também tenho saudades...
      Um beijinho bem abraçado <3

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