sábado, 31 de outubro de 2015

Sabores exóticos como viagens degustativas

Em termos de alimentação posso afirmar que a minha família é deveras conservadora. Claro que me refiro às gerações anteriores, não à actual juventude.
Não me lembro de alguma vez na minha infância comer algo que não fosse cozinha tradicional portuguesa.
Ponderar comidas mais exóticas estava fora de questão.
Naquela altura também quase não havia restaurantes étnicos ou de comida internacional em Lisboa.
Lembro-me da La Trattoria na Artilharia Um mas nunca lá fui com os meus pais, só já adulta e com outras companhias.
No entanto houve uma época em que o meu pai descobriu que gostava de comida chinesa, principalmente de umas gambas picantes, e todos os pretextos eram bons para irmos ao restaurante Hong Kong numa perpendicular à Duque de Loulé. Era um bom restaurante mas foi sofrendo transformações até desaparecer. 
A primeira vez que fui a um restaurante indiano, mais propriamente de comida goesa, foi com a minha amiga C e comi um maravilhoso caril de camarão.
Também foi com ela que experimentei comida mexicana num restaurante que já não existe, na D.Carlos I, e comida russa no Tapadinha na Calçada da Tapada.
Cada vez gosto mais de exaltar o paladar e adoro novos sabores e temperos, são autenticas viagens pelo mundo.

Inspirada pelo outono, pela estação das abóboras, fiz esta deliciosa sopa, um creme aveludado de sabor exótico.
Aprendi esta receita num daqueles programas de televisão no canal que só fala de cozinha a todas as horas.



Creme Exótico de Abóbora 

Ingredientes:
  • 1 abóbora manteiga
  • cebola
  • 1 dente de alho
  • 1 pedacinho de gengibre fresco
  • 400 ml de leite de côco
  • 100 ml a 200 ml de caldo de legumes
  • 1 colher (chá) de caril em pó
  • azeite qb
  • sal qb
  • pimenta qb
Preparação:

Cortar a abóbora ao meio longitudinalmente, retirar as sementes e os fios.
Temperar com sal, pimenta e um fio de azeite.
Levar ao forno pré-aquecido a 200º.C num recipiente com tampa durante cerca de 1 hora.
Retirar da casca a polpa da abóbora com a ajuda de uma colher e reservar,
Refogar em azeite a cebola e o alho picados grosseiramente e o gengibre bem picado em lume brando até a cebola ficar translúcida.
Juntar o pó de caril, mexer bem e adicionar a abóbora.
Juntar o leite de côco e um pouco de caldo de legumes ou água.
Deixar ferver alguns minutos.
Desligar o lume e triturar muito bem com a varinha mágica.

Notas:

A quantidade de caldo ou água adicionada depende da consistência pretendida.

Eu usei abóbora manteiga mas também pode ser feita com abóbora menina.

Aproveito sempre as sementes das abóboras. Lavo-as, espalho-as num tabuleiro envolvidas num fio de azeite e levo ao forno durante alguns minutos até tostarem ligeiramente

terça-feira, 20 de outubro de 2015

Receita da Sopa de Courgette e Maçã

Graças a vários pedidos feitos pessoalmente vou partilhar a receita de sopa que preparei depois do meu passeio a Sintra.

Em casa dos meus pais sempre me lembro de a sopa ser feita num panelão enorme e era geralmente um creme de legumes com folhas verdes adicionadas no fim, espinafres, nabiças, agrião ou feijão verde. Também havia as canjas e caldo de carne que nunca apreciei muito. E as sopas de puré de grão e puré de feijão com massinhas que sempre adorei.
Quando as minhas bebés começaram a comer sopas fazia-lhes uns caldos de borrego com variação de legumes; caldos muito nutritivos que as ajudaram a crescer fortes saudáveis mas cujo cheiro me agoniava apesar de eu adorar borrego. 
Confesso que durante muitos anos não fui nada criativa na confecção de sopas, optando sempre pelas fáceis e preferidas das minhas filhas. Isto de alimentar uma família tem prioridades e nessa altura o trabalho não me deixava muitas horas livres e quando chegava a casa tinha que ser prática na cozinha para ter tempo para elas e para outros afazeres.

Sempre gostei de inventar e agora tenho tempo e não estou condicionada pelas esquisitices de ninguém. A maior parte das vezes cozinho só para mim, o que poderia ser um pouco triste mas não é porque o faço com prazer e porque me dá total liberdade para experiências que vou aperfeiçoando para partilhar assim que tenho oportunidade.




Sopa de Courgette e Maçã

Ingredientes:
  • 1 cebola média
  • 1 dente de alho
  • 1 pedacinho de gengibre fresco
  • 1 cenoura grande
  • 2 courgettes grandes
  • 2 maçãs grandes
  • azeite qb
  • sal qb
  • pimenta qb
Preparação:

Cobrir o fundo do tacho com azeite e juntar a cebola, o alho e o gengibre tudo cortado em pequenos pedaços e colocar em lume brando.
Quando a cebola ficar translúcida juntar a cenoura e as courgettes cortadas em pedacinhos.
Temperar com sal e pimenta.
Mexer e cobrir com água a ferver. 
Tapar o tacho e deixar cozer durante 10 minutos.
Adicionar as maçãs descascadas e cortadas em pequenos pedaços e deixar ferver mais 10 minutos.
Desligar o lume e triturar muito bem com a varinha mágica.

Notas:

Usei as courgettes com casca ficando o creme mais esverdeado e com pintinhas verde escuro.
Usei maçãs starking ainda verdes e com alguma acidez.


quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Iogurte caseiro

Actualmente são mais do que conhecidos os benefícios e propriedades do iogurte. 

Há milénios que é feito, possivelmente desde a pré-história quando se começou a utilizar o leite dos animais domesticados e o armazenavam ou transportavam de forma a sujeitá-lo a um aumento da temperatura que propiciava a fermentação bacteriana e produzia o ácido lácteo transformando o leite em iogurte.
Crê-se que teve origem no Médio Oriente e Balcãs, com o nome árabe de leben, russo de koumis ou de kefir no Cáucaso. 
É no entanto o nome de origem Turca yogurt (jugurt), o adoptado mundialmente no início do século XX quando começou a ser difundido graças a vários estudos que demonstravam o quanto o seu consumo beneficiava a saúde, como o estudo imuno-microbiológico efectuado pelo biólogo russo Ilya Ilyich Mechnikov (Carcóvia,1845 - Paris,1916) laureado com o Nobel de Fisiologia ou Medicina em 1908.
Hoje em dia é impressionante a panóplia de produtos lácteos e derivados que a industria alimentar produz.


Segundo as memórias da minha família foi no início dos anos 60 que em Portugal apareceram à venda os iogurtes Veneza, primeiro em potes de louça branca e depois, já em doses individuais, em copos de vidro gravado e com a forma de pequenas bilhas leiteiras .
Por volta de 1970 já a minha tia G produzia os seus iogurtes caseiros com a ajuda da panela de pressão. No fim da década de 70 aparecem no mercado as iogurteiras no rol dos pequenos electrodomésticos a ter na cozinha.
Já nos anos 80 surgiu a moda da flor do iogurte, Parecida com a couve flor embora de textura mole e gelatinosa, é uma espécie de cogumelo que produz o kefir, um tipo de iogurte mais liquido e com mais propriedades devido à sua dupla fermentação, ácido láctea realizada pelas bactérias probióticas e alcoólica realizada pelas leveduras benéficas que vivem em conjunto de uma forma simbiótica.

Há falta de grãos de kefir eu faço iogurte caseiro pela receita tradicional do iogurte grego.
É um processo muito simples, apenas demorado.



Primeiro aqueço 2 litros de leite do dia meio-gordo; pode-se utilizar leite gordo ou mesmo magro.
Verto o leite para uma taça de vidro com tampa e deixo arrefecer até aos 45º.C.
Então misturo muito bem 100g de iogurte que reservei da anterior produção; na primeira vez pode-se utilizar um iogurte natural de compra.
Depois fecho a taça hermeticamente, embrulho-a numa manta, e coloco dentro do forno desligado. 
Aguardo 8 horas sem abrir o forno; pode-se deixar fermentar até 10 horas mas quanto mais tempo maior a acidez do iogurte e torna-se desagradável ao paladar.
Numa tigela grande coloco um escorredor coberto com um pano de algodão onde verto o preparado. Tapo e coloco no frigorífico pelo menos por 6 horas. Deve-se mexer de vez em quando e verificar a consistência.
No fim obtenho cerca de 1 kilo de iogurte cremoso e quase 1 litro de soro de leite, Whey Protein, que também tem muitas aplicações e por isso também guardo num frasco no frigorífico.
Este iogurte caseiro, sem aditivos, saudável e muito saboroso aguenta uma semana no frigorífico.
Utilizo-o imenso nos pequenos-almoços e na confecção de alguns molhos e sobremesas.