domingo, 30 de outubro de 2016

Não dou receitas de saladas

A grande vantagem da comida no verão é a frescura e a leveza das saladas.
Adoro!



Receitas para quê?

Estou a referir-me a saladas cruas de legumes frescos.

O procedimento é lavar, eventualmente descascar, cortar, misturar  e temperar.

Qual é a dúvida? Não é preciso fazer nenhum workshop... Digo eu...



Basta escolher uma base como alface, tomate, rúcula, couve coração. couve chinesa, courgette, cenoura, espinafres, e juntar ingredientes que combinem ao gosto de cada um.

É do conhecimento geral que o tomate combina bem com manjericão, com orégãos e com cebola, com queijos frescos, mozarela de bufala, requeijão ou o nosso tradicional queijinho fresco de leite de cabra. 
Até há uma salada italiana famosa com estes ingredientes, a salada caprese.
Temperar com flor de sal, bom azeite e um vinagre suave como o de cidra.
Para um toque extra, acrescentar uns fios de creme de vinagre balsâmico.
Uma das salada tradicionais portuguesas é de tomate e pepino.



A alface é muito versátil, combina bem com quase tudo. 
Couve roxa, cenoura, rúcula, milho doce cozido, pepino, agrião. 
Fruta como maçã, pêssego, alperce, morangos, banana, abacaxi, laranja, é só escolher.
Também é bom juntar alguma proteína, ovo cozido, queijo em cubinhos ou em lascas no caso dos queijos mais rijos, presunto ou fiambre de frango fumado (é o único fiambre de que gosto), qualquer fruto seco, sementes de abóbora, girassol, linhaça.

A ideia é escolher alguns produtos, ir variando, e assim conseguir uma imensa variedade de combinações.



Eu gosto de comer rúcula sem tempero, aprecio o seu travo intenso e apimentado a acompanhar, por exemplo, uma fatia de carne assada, mas a salada de rúcula mais conhecida é com lascas de queijo parmesão, nozes e um molho vinagrete.

Uma salada de cenoura cortada em palitos finos e couve coração cortada em juliana, temperada com um molho agridoce, tipo molho asiático, fica uma delícia.


Escolho sempre courgettes pequenas por causa da consistência interior mais firme, com menos água e menos sementes.
Tal como a cenoura deve ser cortada em palitos finos, em vez de ralada, para ficar crocante. 
Utilizando um espiralizador consegue-se um efeito "esparguete" muito apelativo.
Um molho de sumo de limão, sal, pimenta preta, malagueta picada sem sementes, hortelã picada fininha e azeite, é o tempero perfeito para uma salada de courgette.
Se usar coentros em vez da hortelã obtém-se um molho mais tipicamente português, mais alentejano.

A couve coração, a couve chinesa ou outra assim macia, pode ser misturada com outros vegetais, mas também fica excelente sozinha temperada com um chutney ou um pesto.



Estas saladas são uma refeição completa e equilibrada.
Porém também podem ser aprimoradas com um peito de frango ou uma lombo de salmão grelhado.

É bom arriscar, misturar sabores, dar asas à criatividade e fazer deliciosas saladas de improviso.

Saladas que merecem receita são as improváveis, como a de maçã, aipo e sementes de sésamo que partilhei no ano passado aqui no blog, no separador das Receitas.



sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Palavras para quê?


Esta fotografia foi tirada no final de Maio quando recomecei as minhas caminhadas depois de um inverno e início de primavera chuvoso.

Apesar de me pesar e de medir os vários perímetros do corpo regularmente, desde que iniciei o meu regime de emagrecimento, o espanto, direi mesmo, o choque, de ver assim a flagrante diferença do antes e do depois, foi emocionante.



A satisfação de conseguir fazer os habituais oito quilómetros mais rapidamente, sem dores nas costas nem nos joelhos, sem sentir o cansaço que me tirava o fôlego, foi altamente motivadora.

Agora estou ainda mais leve e sinto-me ainda melhor e com mais energia.

Não pretendo ficar magra, mais a mais que a partir de uma certa idade isso ressente-se na cara e eu prefiro ter uma carinha laroca que parece mais nova do que eu.
Só quero sentir-me bem com o meu corpo e não ter problemas de saúde.

Há quem me pergunte, até com algum ressentimento que não entendo:
_ Mas ainda estás a fazer dieta?! 
_ Não propriamente. Apenas mudei os meus hábitos alimentares e estou contente com isso.

Agora sinto que posso, uma vez por outra, beber um copo de vinho à refeição ou degustar, num dia de festa, uma doce sobremesa. 
Sem remorsos, sem culpas.
No dia a dia mantenho o equilíbrio com a comida que me faz bem.

São as alternativas que inventei ou que adoptei, os truques e as ideias que pretendo aqui partilhar. 
Pode ser que sirvam de inspiração a mais alguém.



(história da vida real com continuação nos próximos episódios)



quinta-feira, 27 de outubro de 2016

O que mudou na minha alimentação?

Nove meses e menos 16 quilos depois, sinto-me muito melhor física e psicologicamente.
Gostava de perder mais quatro, mas parece que o meu organismo estabilizou e como passar fome está fora de causa, não é fácil consumir mais reservas adiposas. 
Provavelmente só com um reforço exaustivo de exercício físico o consiga. 
A ser verdade, o importante agora é manter este equilíbrio.

Para emagrecer não há alternativa - é necessário gastar mais calorias e consumir menos calorias.

Ir em modinhas só porque está na moda não faz o meu género.
Não aderi a dietas do paleolítico nem vegetarianas, não segui nenhum guru da nutrição moderna ou antiga. Não aceito fundamentalismos.
É evidente que gosto de ler tudo e mais alguma coisa sobre alimentação, regimes alternativos, dicas e receitas. 
Informação bem escrutinada dá-me ferramentas para melhorar as minhas escolhas.

Estou convencida que cada um, se prestar atenção, percebe o seu corpo. 

Saber o que me satisfaz, conhecer o que me sacia e não prescindir do que me dá prazer comer de forma saudável, é o verdadeiro segredo. 
Tornar a comida saborosa evita pensar em guloseimas.



O que mudou na minha alimentação?

Na primeira fase, a mais intensiva, foi preciso implementar restrições drásticas.


Alimentos suprimidos
  • Hidratos de carbono
  • Bebidas alcoólicas
  • Maionese, ketchup e outros molhos industriais
  • Gorduras - manteiga, natas, banha, margarina
  • Gorduras e peles das carnes
  • Fritos
  • os meus doces e sobremesas deliciosos
Nestes últimos anos comia regularmente este tipo de alimentos, mas sei que foi o excesso de doces e sobremesas, repletos de açúcar, farinha e manteiga, verdadeiras bombas calóricas, que provocaram a minha pré-obesidade.


Produtos proibidos
  • Comida processada
  • Comida pré-confeccionada (fresca ou congelada)
  • Enchidos
  • Refrigerantes
  • Sumos e néctars industriais
  • Bolos e outros produtos de pastelaria
Na verdade estes produtos interditos nunca fizeram parte da minha alimentação habitual. 

Não aprecio chouriços, morcelas, salsichas, alheiras, fiambre, apenas no Cozido à Portuguesa que como no máximo duas ou três vezes por ano, gosto da farinheira, mas também posso passar sem ela.

Só muito raramente comia uma lasanha comprada no supermercado, por exemplo, mas costumava comprar esparregado pronto e congelado e deixei de o fazer porque tem muita gordura e outros ingredientes desnecessários e perniciosos.

É preferível comer legumes crus, cozidos ou assados. 
Descobri uma forma fantástica, fácil e rápida, de cozer legumes em vapor, sem perda de nutrientes.

Reduzir o sal é importante, não só para a tensão arterial como para diminuir a retenção de líquidos.

Eu adoro beber água. 
Beber muita água é extremamente importante, "lava" o aparelho digestivo, melhora o funcionamento dos rins o que é crucial para a saúde, melhora eventual problema da obstipação, e ainda "engana a fome" no intervalo das refeições. 
Para quem não gosta de água pode optar por chá ou uma tisana, mas saibam que não é bem a mesma coisa.

Outro factor importantíssimo para o sucesso de uma dieta são as quantidades ingeridas e a frequência das refeições.
Há que reduzir a quantidade de comida que se coloca no prato e o estômago vai contraindo e ficando mais pequeno, logo come-se cada vez menos.
É comum recomendar comer de três em três horas, no entanto eu prefiro dar algum descanso ao estômago e só comer quando sinto fome o que varia entre as quatro e as cinco horas.
A melhor opção é aquela que funciona para cada pessoa conforme os seus hábitos, sendo fundamental evitar as ânsias de comer.

O stress é muitas vezes associado a distúrbios alimentares por isso convém evitar entrar nessa espiral de autodestruição. 
Sentir-me bem com o meu corpo e ser saudável contribui para a minha felicidade.
Ser feliz é o melhor antídoto para o stress.



(história da vida real com continuação nos próximos episódios)



segunda-feira, 18 de julho de 2016

festa de aniversáro

Para ela só faz sentido festejar no próprio dia, mesmo quando calha a um dia de semana, portanto ficou combinado organizar um jantar.

Na véspera fiz as compras e alguma mise en place.
Os megas suspiros para a pavlova também os faço sempre na noite anterior porque assim ficam no forno a arrefecer lentamente.
De resto, tudo tem de ser feito no próprio dia para estar fresco e ser servido com a máxima qualidade, sabor e a consistência perfeita.
Comecei a cozinhar de manhã bem cedo.




Para entrada e como alternativa vegetariana, uma tarte de massa folhada com vários queijos, oregãos frescos, tomate desidratado e um fio de mel.



Como prato principal, uma empada de frango e legumes acompanhada de uma salada fresca de alface, cenoura e couve roxa. 



Para completar a refeição as sobremesas, os doces.
Salada de frutas - a opção mais saudável, pratinhos de frutos secos e a pavlova de morangos e coulis de morango com hortelã.



E em dia de festa não podia faltar, obviamente, o bolo de aniversário. 
De chocolate, bem cremoso por dentro, fez a delicia dos convidados.
Sete velas coloridas que valiam por 77 com direito a canção de parabéns, palmas, muitos beijos e abraços.



quinta-feira, 19 de maio de 2016

pecado da gula

Às vezes parece que nasci com uma fome ancestral.

Fui educada a comer tudo o que me era posto no prato. 
Em casa dos meus pais não havia desperdício de comida.
Ainda eram muito crianças, principalmente a minha mãe que nasceu em 1939, no entanto ambos guardavam algumas memórias do tempo da II Guerra Mundial. 
Nunca passaram fome mas havia a ameaça e o medo de Portugal perder o estatuto de neutralidade.
Salazar disse - "Livro-vos da guerra mas não da fome" e as restrições de alimentos com distribuição de senhas de racionamento a partir de 1943, efeitos da inflacção e da escassez de produtos alimentares, afectaram a grande maioria da população que vivia numa situação de precariedade.  
Na minha família era uma questão de educação já transmitida dos antepassados reforçada pela vivência da época e dos tempos difíceis que se prolongariam nos anos vindouros.

Muito depois, em casa, a minha mãe sempre se preocupou em dar-nos uma alimentação saudável com produtos frescos. 
Não havia o hábito de comer doces e bolos senão em ocasiões especiais e festas.
Eu própria não era apreciadora de bolos ou chocolates.
No entanto era gulosa por comida, devorava aquilo de que gostava, comia demasiada quantidade, às vezes até ficar enfartada.
Até à adolescência era magra, tinha bastante actividade física e cresci em altura mais do que a média das raparigas da época. Depois dos 15 anos, com as formas a arredondarem-se naturalmente, não me sentia segura mas as fotografias abonam em favor da minha elegância.



Quando decidi ter filhos deixei de tomar a pílula contraceptiva e simultaneamente deixei de fumar. Tive duas gravidezes muito seguidas, as minhas filhas têm apenas 19 meses de diferença, o meu corpo nunca mais foi o mesmo e engordei mais do que gostaria.

Na altura da separação e divórcio até emagreci bastante pelo stress e por ter voltado a fumar. Mau hábito que deixei definitivamente em 1998 sem me preocupar até que ponto isso influenciava o meu peso.
Desde então a minha vida deu muitas voltas e começou a fase iô-iô do engorda e emagrece.
Tornei-me apreciadora de comida, bebida e até gulosa por doces. 
O que aliado a uma vida mais sedentária provocou inexoravelmente acumulação de tecido adiposo.
Confesso que por vezes o prazer de comer era uma compensação.
Outras vezes criava em mim um conflito interno de "amor" "ódio" que não conseguia controlar e comia compulsivamente para depois me sentir horrível e culpada.

Ficar desempregada aos 48 anos também não ajudou e depois de fazer o curso de pastelaria e dedicar-me mais à doçaria foi o descalabro. Num ano e meio atingi um peso que nem quando estava grávida de nove meses vislumbrei alcançar.
É evidente que não posso culpar a comida nem os doces, apesar de saber que o açúcar é viciante.

Eu, pecadora me confesso, a tentação é grande e quando a alma está fragilizada sucumbo ao pecado da gula.

Quando finalmente me confrontei com o mal que a obesidade me estava a fazer, como começava a afectar a minha saúde, quão deprimida estava a ficar e me consciencializei que estava a entrar numa espiral destrutiva e num ciclo vicioso que só alimentava a minha desgraça, arranjei as forças, a coragem e a ajuda necessárias para reverter a situação.
Desde meados de Janeiro e durante estes quatro meses mudei a minha alimentação e a minha forma de comer, acabei com os hábitos viciosos e com os excessos.
Já consegui reduzir a massa corporal e peso agora menos 12 quilos.
Estou determinada a continuar até atingir o meu peso ideal razoável ou seja, perder mais 8 quilos.
E mais importante e difícil, manter-me nesse equilíbrio.



Tal como o doce nunca amargou, os doces e sobremesas feitos por mim continuam a ser deliciosos e comidos com moderação não fazem mal a ninguém.
Eu é que para além do que me encomendam ou faço para oferecer, tenho-me abstido de fazer experiências e provas tentadoras por isso esta página e o blog parecem abandonados nestes últimos tempos.
Além disso, para reforçar as minhas defesas contra as doces tentações mas não só, tenho-me dedicado a outras actividades muito estimulantes e prazenteiras.
Agora só falta que o bom tempo estabilize para regular as minhas caminhadas e exercícios ao ar livre, o que ajuda a atingir os objectivos de emagrecimento e também faz imensamente bem à alma.



domingo, 1 de maio de 2016

Poema e Bolo

Há muitos, muitos anos, ainda em fase de revolta rebelde intergeracional, transcrevi e ofereci este poema à minha mãe.
Para lá da intencionalidade da mensagem que na altura quis transmitir, é um belo poema.

Poema à Mãe                     Eugénio de Andrade
                                                                 em "Os amantes sem dinheiro"

No mais fundo de ti
eu sei que traí, mãe.

Tudo porque já não sou
o retrato adormecido
no fundo dos teus olhos.

Tudo porque tu ignoras 
que há leitos onde o frio não se demora
e noites rumorosas de águas matinais.

Por isso, às vezes, as palavras que te digo
são duras, mãe,
e o nosso amor é infeliz.

Tudo porque perdi as rosas brancas
que apertava junto ao coração
no retrato da moldura.

Se soubesses como ainda amo as rosas,
talvez não enchesses as horas de pesadelos.

Mas tu esqueceste muita coisa;
esqueceste que as minhas pernas cresceram,
que todo o meu corpo cresceu,
e até o coração,
ficou enorme, mãe!

Olha - queres ouvir-me? - às vezes
ainda sou o menino
que adormeceu nos teus olhos;

ainda aperto contra o coração
rosas tão brancas
como as que tens na moldura;

Ainda oiço a tua voz:
            Era uma vez uma princesa
            no meio de um laranjal...

Mas - tu sabes - a noite é enorme
e todo o meu corpo cresceu.
Eu saí da moldura,
dei às aves os meus olhos a beber.

Não me esqueci de nada, mãe.
Guardo a tua voz dentro de mim.
E deixo-te as rosas.

Boa noite. Eu vou com as aves.


Mãe é mãe todos os dias, não há folgas, nem domingos ou feriados. Não há dia de mãe.
Ser mãe é muito mais que uma ocupação a tempo inteiro.
Mesmo depois dos filhos irem às suas vidas e já não dependerem da mãe, ela não o deixa de ser, de ser mãe.
Mãe é cais, é porto seguro, onde os filhos podem sempre regressar porque para ela nunca chegaram a partir completamente.
Mãe é um laço que não se desata, é um bem querer que não termina jamais.
Mãe é amor.


Bolo de limão com framboesas e mirtilos





terça-feira, 19 de abril de 2016

Doçaria Conventual em Portugal

Até 1834, ano em que foram extintas as ordens religiosas, os Conventos de freiras espalhados por todo o País confeccionavam e vendiam doces ricos em ovos e açúcar cujas receitas eram guardadas em grande segredo e até havia alguma rivalidade entre conventos que incentivava a criatividade das doceiras.

Após esta data e com o encerramento dos conventos as freiras refugiaram-se nas localidades próximas e as receitas foram sendo transmitidas às senhoras da terra por via oral e ainda em segredo. 
Assim chegaram aos nossos dias e são produzidos em pequenos negócios familiares ou em fábricas de cariz artesanal.

Só no final do século XVII surge o primeiro livro de cozinha em Portugal enquanto que o primeiro livro de doçaria só foi editado em 1788 com o título "Arte Nova para Confeiteiros".


O famoso Pão-de-Ló de Alfeizerão presume-se que tenha tido origem no Mosteiro de Santa Maria de Cós perto de Alcobaça.

No entanto só se tornou famoso em finais do século XIX quando, segundo reza a história, uma doceira menos experiente e com pressa de servir o Rei D. Carlos I que estava de passagem por Alfeizerão, retirou antecipadamente o bolo do forno deixando-o mal cozido.

Surpreendentemente aquela preparação foi tão elogiada até pelo próprio Rei que o Pão-de-Ló passou a ser confeccionado dessa forma com excelentes resultados e assim nasce uma tradição local até hoje muito apreciada.




quarta-feira, 30 de março de 2016

Receitas do caderno azul


Sinceramente não sei de onde vieram as poucas receitas que a minha mãe registou num simples caderno de capa mole forrada de papel azul forte.
Não creio que as tenha retirado de algum livro de cozinha pois não gosta sequer de os folhear. O único livro em que se fiava e por vezes consultava era o "Cozinha Tradicional Portuguesa" da Maria de Lourdes Modesto.
No entanto o caderno de capa azul é muito anterior à edição deste livro, é de quando a minha mãe começou a cozinhar, dos seus primeiros anos de casada.
Desconfio que foi apontando as receitas de um ou outro prato mais bem confeccionado por alguma empregada com mais jeito para a cozinha que tenha trabalhado lá em casa, as receitas partilhadas pelas amigas ou eventualmente pela irmã e pelas cunhadas.
Pode até ter registado receitas de algo que comeu em festas ou jantares e que tenha sido profusamente apreciado.
Não são muitas, o caderno tem bastantes folhas em branco, no entanto uma coisa é certa, todas as receitas são deliciosas.

Este pudim de côco é uma das minhas preferidas. 
Apenas substituí o leite da receita original por leite de côco para intensificar o sabor.



Pudim de Côco 

Ingredientes:
  • 100g côco ralado
  • 2,5 dl leite de côco
  • 5 gemas
  • 250g açúcar
  • 1 colher (sopa) farinha s/fermento

Preparação:

Juntar o leite de côco e o côco ralado, deixar hidratar alguns minutos, adicionar as gemas e bater até obter uma mistura homogénea mas sem adicionar muito ar.
Peneirar a farinha para outra tigela com o açúcar e misturar bem com uma vara de arames.
Juntar os secos com a mistura líquida e continuar a mexer até não sentir o açúcar.

Com uma chávena de açúcar e meia de água fazer um caramelo bem dourado e verter numa forma previamente untada. Espalhar o caramelo de modo a forrar todo o interior da forma.
Verter a massa do pudim e fechar a forma.
Cozer em banho maria num tacho com tampa cerca de 45 minutos.
Deixar arrefecer completamente mas antes de desenformar coloque a forma em cima do lume só um ou dois minutos para derreter o caramelo do fundo.
Desenformar num prato fundo.





quinta-feira, 3 de março de 2016

Cooking Class - Receitas

A comida vietnamita é de uma maneira geral simples de cozinhar com sabor e texturas variadas, saudável e feita com produtos frescos.

Como já expliquei os pormenores importantes e os procedimentos em geral aqui ficam as receitas tal como nos foram entregues com quantidades indicadas para 6 pessoas.

  • THIT LON KHO TAU - Stewed Pork wiht Caramel Sauce
Ingredients :
    • 500g pork
    • 2 TBS sugar
    • 3 TBS water
    • 1 tsp pepper
    • 1 tsp fish sauce
    • 10g spring onion
    • 200g pork rinds (skin)
    • 1 TBS chicken stock
Method :

Wash the pork carefully and then cut them coarsely.
Season the pork with pepper, chicken stock and fish sauce for about 5 minutes.
Add caramel sauce, pork rinds into sauced pork then cook them on low heat for about 1 hour.
Serve with tearm rice.




  • NEM HA NOI - Hanoi Spring Rolls
Ingredients :
    • 100g minced lean pork
    • 50g carrots
    • 100g bean sprouts
    • 150g onions
    • 10g spring onions
    • 40g vermicelli
    • 30g woodear (mushroom)
    • 2 eggs
    • 20 pc rice paper
    • 20g shallots
    • 1 tsp pepper
    • 1 tsp sugar
Method :

Chop the bean sprouts, carrot, onions, spring onions, shallots seperatly then squeeze them lightly.
Soak the mushroom, vermicelli in hot water until it became soft, drain therm and chop into small pieces.
Add all above ingredients to pork, add beaten eggs, sugar and pepper, mix them well.
Now you have done the inside of spring rolls.
Place the rice paper on dish, put 1 TBS of mixture on and roll over to have round and long pieces (2x6 cm).
Deep fry the spring rolls twice until it become well-done (yellow coloured) nice, smelty and crispy.

Dumpling sauce :

Mix 1TBS sugar, 1/2 TBS vinegar, 1 TBS fish sauce, 3 TBS water, 1 tsp chopped garlic and 1 tsp chopped chilli.



  • NOM HOA CHUOI GA - Banana Flower Salad with Chicken
Ingredients :
    • 600g banana flower
    • 300g chicken
    • 200g bean sprouts
    • 150g onions
    • 100g star-fruit
    • 150g toasted peanuts
    • 50g toasted sesames
    • 20g chopped garlic
    • 10g chopped chilli
    • 2 lemons
    • 2 bunch hot mints
      • salt, chicken stock powder, sugar, vinegar, fish sauce
Method :

Separate the lemon juice 1/2 for dressing, the rest using to soak the banana flower.
Slice the banana flower, soak in water with some lemon juice.
Slice the onion, soak in water with some vinegar.
Slice the star-fruits.
Clean the bean sprouts.
Marinate the chicken with salt, pepper, chicken stock powder, then steam it. When the chicken well-done, teart it.
Cut the hot mints into 1 cm.
Add the banana flower, onion, star-fruits, bean sprouts in another bowl, mix with dressing in a 5 minutes. 
Separate the liquid then add in the teared chicken, chilli, garlic, peanuts, sesames, hot mints and mix well.
Remove the salad to a dish, serve cool.

Salad dressing :

Mix well 1 cup lemon juice with vinegar, 1 cup sugar, 3/4 cup fish sauce.


Receitas e aula em ORCHID RESTAURANT-VIETNAMESE COOKING CLASS - Ha Noi



quarta-feira, 2 de março de 2016

Cooking Class - Cozinhar

Primeiro experimentámos o Vu Sua ou Breast-Milk Fruit e é realmente um fruto leitoso com um sabor que não sei bem descrever e ao tentar comparar com fruta mais vulgar entre nós, talvez encontre alguma semelhança com a pêra e um travo de fundo entre a amêndoa e o coco, uma delicia.
Então sim, avental posto e prontas para iniciar a aula.



Começámos por preparar a carne de porco, a marinada e o molho de caramelo porque demora 1 hora a estufar.
Não está na receita mas o chef fez o molho de caramelo com um pauzinho de canela e uma estrela de aniz.
A carne que mais utilizam é da barriga, aquilo que nós chamamos toucinho fresco ou entremeada, cortada em cubos.  
Como eu gosto da gordura para dar sabor mas não tanto de a comer sugiro uma mistura com carne de porco da perna, por exemplo, cortada da mesma forma.

O vinagre utilizado é sempre o vinagre de arroz.

Com a carne de porco já ao lume preparámos o recheio dos rolinhos, com os legumes todos cortadinhos em juliana fina, os cogumelos e a vermicelli (massa de arroz tipo aletria muito usada na ásia para fazer noodles) hidratados e também cortados em pequenos pedaços.
Juntámos a carne também cortada bastante fina, as gemas dos ovos e os temperos. 
Na receita está indicado 2 ovos batidos mas na aula o chef utilizou 3 gemas de ovos.

Depois montámos os spring rolls enrolando cada porção de recheio em papel de arroz dobrado meticulosamente e selado no fim com um pouco de clara de ovo.
O chef fritou os rolinhos uma primeira vez e deixou-os a escorrer em papel absorvente enquanto preparámos a salada.

O único ingrediente original nesta salada é a banana flower da qual só utilizámos as pétalas grandes que mais parecem folhas apesar da cor púrpura. É necessário mergulhá-las em água com sumo de limão ou vinagre para não oxidarem, ficarem castanhas e muito amargas.



A galinha é temperada e cozida ao vapor e todos os ingredientes são bem cortados.
Depois da salada temperada foi empratada pelo chef numa travessa com alguns efeitos decorativos.

O arroz branco tipo "unidos venceremos", tearm rice como eles lhe chamam, apareceu feito e o chef voltou a fritar os spring rolls desta vez até ficarem bem dourados e estaladiços.

Por fim foi posta a mesa com boa apresentação e nós almoçámos regaládamente.






Cooking Class - Ingredientes

As férias no Vietname foram espectaculares.
Nunca tinha ido para paragens asiáticas e, por muito que já se tenha visto em filmes, documentários, revistas ou livros, a realidade a envolver-nos não tem comparação.
A cultura, os hábitos, o trânsito, a arquitectura, as pessoas, os cheiros, a comida tudo aquilo a que chamamos exótico ou não, porque de certa forma há sempre coisas que nos chocam.

Pela manhã apreende-se a crua realidade de uma cidade mas é à noite que se sente o seu verdadeiro pulsar, e esta descoberta foi incrível no Vietname.

Em Hanoi a minha filha agendou uma Cooking Class de comida tradicional vietnamita que se iniciava no mercado.
O próprio chef veio buscar-nos ao hotel e logo após ela ter escolhido o menu fomos às compras.
Como estávamos hospedadas na zona velha da cidade fomos ao mais antigo e tradicional mercado o Dong Xuan Market.
Este é um mercado sobretudo de produtos frescos que segundo o chef vêm todos os dias directamente das redondezas pela mão dos próprios produtores. 
A oferta transcende o edifício principal e espalha-se pelas ruas adjacentes ocupando os passeios e organizando-se por tipos de produtos.


Conforme íamos avançando ele apresentava os produtos que não conheciamos e explicava a origem e as suas aplicações. 


Comprou um fruto estranho que se chama Vu Sua ou Breast-Milk Fruit para mais tarde degustarmos e que é de facto delicioso e diferente. 
Também fez questão que provássemos a especialidade popular Balut, um ovo fertilizado, com um embrião de pintainho, cozido e comido ainda quente apenas com um pouco de sal, gengibre e malagueta. 
Considerado afrodisíaco, um saudável e altamente proteico petisco, não nos caiu no goto... o que ainda era gema amarela estava demasiado cozida para o meu gosto, a parte da carne branca sabia a vulgar peito de frango cozido, e a parte mais escura da carne deviam ser as entranhas porque sabia desagradavelmente a fígado. 
Não seria capaz de o comer todo como eles fazem.


É um mercado onde ainda há bichos vivos para as pessoas escolherem e que são mortos e preparados ali mesmo. 
Fiquei fascinada com a quantidade e variedade de peixes vivos à venda neste mercado, já as tartarugas de casca mole com talvez um palmo e meio de tamanho. fez-me impressão vê-las a serem amanhadas. 
Também vi matarem uma galinha mas isso é igualmente prática corrente no campo em Portugal.

Por fim, com todos os ingredientes necessários, fomos para a sua cozinha aprender a confeccionar os seguintes pratos:
  • NEM HA NOI - Hanoi Spring Rolls
  • NOM HOA CHUOI GA - Banana Flower Salad with Chicken
  • THIT LON KHO TAU - Stewed Pork wiht Caramel Sauce

quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

O meu pai e o bolo Lucília

O meu pai era muito guloso, mesmo muito, mas é de família.
Até descobrir que tinha diabetes ia, pelo menos duas vezes por dia, à pastelaria Evian beber café e comer um Jesuíta.
Gostava de todos os bolos e doces mas tinha alguns preferidos e o Bolo Lucília era um deles. 
Não é o género de bolo que a minha mãe fizesse, o Bolo Lucília é uma receita da avó Q e das tias desse ramo da família. É um bolo elaborado e rico com vários elementos - uma massa com nozes e amêndoas, um recheio de chocolate entre as duas camadas e uma cobertura de merengue e raspas de chocolate.
É um daqueles bolos com muito boa apresentação e realmente delicioso.



Não restam dúvidas de que o meu pai era um homem de bom gosto com uma grande sensibilidade para a arte e para o belo.
Gostava de teatro, de cinema mas sobretudo de música jazz e blues, clássica erudita e ópera. Lia imenso. Adorava fotografia, chegou a ter uma câmara escura com um pequeno laboratório de revelação e ampliação e várias máquinas fotográficas tipo profissionais. 
Uma atracção e curiosidade enorme pelas novas tecnologias fazia com que comprasse por impulso as últimas utilidades lançadas no mercado e tinha um dom para escolher os mais perfeitos e originais presentes para oferecer a cada pessoa.
Era um sonhador e um idealista.
Por vezes tinha um feitio explosivo de menino mimado e uma teimosia exasperante de quem não gosta de ser posto em causa.



Faleceu mais cedo do que o previsto numa família de grande longevidade, com uma doença degenerativa do foro neurológico menos de um ano após lha terem diagnosticado.

Faz precisamente hoje 4 anos que morreu. 
Deixou um vazio nas nossas vidas, respostas a perguntas que nunca lhe fiz mas que se revelaram na sua ausência, e a saudade de um afecto desajeitado e de um amor intrincado embora incondicional.

Não sendo uma pessoa ambiciosa almejava um futuro grandioso para as suas filhas e acarinhava muitas esperanças com as netas e o neto.
Sou uma pessoa positiva motivada em honrá-lo cumprindo este meu sonho de ser feliz a fazer aquilo que gosto e que também passa por fazer os outros felizes adoçando-lhes a vida.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Tartes e Tarteletes

A minha predileção por doces em forma de tarte é flagrante.

Adoro a base de uma boa tarte, uma massa amanteigada, ligeiramente doce intensificado por uma pitada de sal, crocante que se desfaz na boca. 
Eu prefiro as massas areadas.
A base não é só o recipiente para o recheio.
É o contraste que o realça. 

O mais maravilhoso é a variedade de recheios que se podem fazer.

Cremes frescos e queijos creme combinados com fruta em polpa, em puré ou em doce.

Cremes alimonados perfeitos para tartes merengadas.

Calculo que qualquer doce de colher pode ser utilizado como recheio de uma tartelete. 
Refiro-me também à doçaria tradicional portuguesa tal como doce de ovos simples ou com frutos secos como amêndoas ou nozes. Doces de grão ou feijão como os utilizados em pastéis e azevias, doce de gila com ovos moles... 
Enfim, uma imensa diversidade de opções a explorar.

Uma das mais tradicionais e apreciadas é a tarte de maçã que faço sempre com maçã reineta cuja saborosa acidez contrasta com a massa doce.


Um destes dias resolvi adaptar a minha receita de bolo de requeijão e fazer uma requeijada em base de tarte. Ficou deliciosa.



Na primavera fiz uma série de tarteletes com recheio de creme de limão enriquecido com puré de várias frutas. Ficaram lindas e foram muito apreciadas.


No início do outono também fiz experiências com pêras.
Primeiro com um creme de amêndoa e depois com uma ganache de chocolate.